sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Artigo - Considerações sobre um certo Programa de Requalificação dos Igarapés de Manaus

O crescimento desordenado de Manaus, fruto de contínuos fluxos migratórios oriundos do interior do estado e de outras unidades da Federação, atraídos pela crescente oferta de emprego da recém instalada Zona Franca de Manaus – nos idos da década de 60, levou ao inchamento populacional, às invasões de terrenos periféricos da cidade e à ocupação e conseqüente degradação do leito de seus igarapés.

Houve época em que a bacia dos Educandos convivia com uma cidade flutuante de proporções enormes. Manaus, na realidade, não dava muita importância aos seus igarapés, nem mesmo ao rio Negro. Prova disso é que a cidade foi construída de costas para o rio. Manaus não tem “frente”. Só tem “costas”.

Talvez por sempre ver tanta água em seus rios, o amazonense nascido em Manaus - o manauara, não se importasse muito que uns dois ou três igarapés da cidade deixassem de existir por conta de algumas casinhas de madeira sobre eles, por conta da sujeira, por conta do esgoto, ou por conta dos produtos químicos neles atirados desde o Distrito Industrial.

Os igarapés deixaram de ser fonte de alimentos, de água para beber, de água para fazer comida ou lavar roupa, ou ainda fonte de diversão nos fins de semana, para ser o destino dos esgotos da cidade, do Distrito Industrial e do grande condomínio de palafitas neles instalados.

A falta de visão da sociedade e de seus governantes, àquela época, não permitiu sentir que os mananciais da cidade estavam ficando cada vez mais comprometidos, transformados em esgotos a céu aberto, verdadeiras latrinas, focos dos mais variados tipos de doença.

As águas do Quarenta, do Igarapé da Cachoeirinha, do Mestre Chico, do Bittencourt e da Sapolândia, dentre outros, transformaram-se em um grande criadouro de doenças, a desaguar homens, mulheres e crianças nas filas dos postos de saúde, nos hospitais e, não raro, nos cemitérios.

Alguns projetos embrionários até que surgiram sem no entanto sair do papel.

A solução para o problema só veio mesmo em 2003, com a criação do Programa Social e Ambiental dos Igarapés de Manaus, o Prosamim, decretou o fim de uma situação que enfeava a cidade, que envergonhava a cidade e, pior de tudo, que adoecia seus filhos, principalmente aqueles menos favorecidos.

O Prosamim surgiu exatamente para isso, para resgatar a dignidade e a cidadania de milhares de pessoas que viviam em condições altamente insalubres.

O Prosamim nasceu da mente de um governante que vive o presente como o alicerce para o Futuro. Futuro com letra maiúscula, Futuro com confiança.

O Prosamim faz parte de um conjunto de realizações do Governo do Estado que compreende obras como a da ponte sobre o rio Negro, que vem consolidar um projeto maior que é a instituição da Região Metropolitana de Manaus; obras viárias estruturantes com a Avenida das Torres e a Grande Circular.

Prosamim é isso. É o resgate do passado dos nossos igarapés. É certeza de futuro para os nossos filhos.

Eduardo Silva

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